Já é a terceira vez, em quase 102 anos, que esperamos pelo "jogo mais importante da história do Corinthians".
Em 1977, num jejum que já durava 23 anos, voltar a ser campeão era a palavra de ordem. A
final do Paulista contra a Ponte Preta, no dia 13 de outubro de 1977, era encarada como o maior jogo do clube até então, nos seus 67 anos de história.
O mesmo aconteceu em 1990, quando as piadinhas de "time regional" incomodavam qualquer corinthiano, que até aquele momento não sabia o que era comemorar um título nacional. A
final do Brasileiro daquele ano, contra o São Paulo, no dia 16 de dezembro, trouxe de novo o peso de ser a "maior partida" nos 80 anos do clube.
Hoje estamos na liderança de conquistas em São Paulo (com 26 títulos paulistas), somos um dos maiores vencedores nacionais (com 8 títulos – 5 Brasileirões e 3 Copas do Brasil), e temos até
um Mundial da FIFA, conquistado em 2000. O estádio tá ficando pronto, a torcida só cresce, mas a Libertadores não veio. Ainda.
Assim, esse 4 de julho de 2012 já é o novo dia do "jogo mais importante da história do Corinthians". Se perdermos, será a maior catástrofe dos nossos quase 102 anos, comparável apenas ao rebaixamento em 2007. Em compensação, caso o título venha, será simplesmente histórico.
A verdade é que a gente está SIM preparado. Já seguramos o Vasco, o "Trem bala da Colina", atual vice campeão brasileiro. Já passamos pelo "alçapão" da Vila Belmiro, contra o Santos, o atual campeão da Libertadores. Já seguramos o Boca no "inferno da Bombonera". Nosso time, além de invicto, sofreu apenas 4 gols em 13 jogos, e tem uma das melhores defesas de todos os tempos no torneio. Esse grupo é capaz de feitos incríveis. E pra coroar tudo isso, precisamos hoje de uma vitória simples em casa ou, na pior das hipóteses, arrancar um empate e decidir nos pênaltis.
Detalhe: "simples vitória" não quer dizer "vitória simples". "Simples vitória" significa uma vitória por qualquer placar, até mesmo um a zero, já que meio a zero não é possível. "Vitória simples", contra o Boca Juniors de um craque como Riquelme, simplesmente não existe.
O interessante é notar como o título parece próximo e distante ao mesmo tempo. Próximo porque jamais chegamos tão longe, porque nossa vantagem é boa, e porque sabemos que DÁ PRA VENCER. Distante porque o tempo teima em não passar, e porque o medo de uma derrota em casa se faz presente o tempo todo.
Como controlar os nervos sabendo que chegamos até aqui invictos, mas qualquer derrota hoje nos tiraria o título? E tendo a consciência de que, pasmem, é possível ser vice-campeão invicto, caso a disputa vá para os pênaltis e a gente perca?
Não dá pra ficar calmo nem pensando em vitória – seja ela nos pênaltis, na prorrogação ou no tempo regular, por 1x0 com gol nos acréscimos ou por 10x0. Não dá.
Dentro de algumas horas saberemos o resultado do "jogo mais importante da história do Corinthians". E que ele termine com a bandeira do nosso time no ponto mais alto da América.