terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ídolos – Sócrates, o "Doutor"

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, nascido em Belém do Pará no dia 19 de fevereiro de 1954, foi um gênio do futebol. Com seu nome de filósofo e inteligência muito acima da média tanto dentro como fora das quatro linhas, o "Magrão" será eternamente lembrado pelos seus belíssimos gols e passes – especialmente o toque de calcanhar, sua marca registrada –, mas também por sua mente privilegiada, seu altíssimo nível de cultura e seu engajamento político.

Iniciou sua carreira no Botafogo de Ribeirão Preto, em 1974, clube pelo qual foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1976, com 15 gols. Nesse perído, Sócrates conciliava a carreira de jogador e seus estudos na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, o que lhe rendeu o apelido "Doutor". Contratado pelo Corinthians em 1978, viveu no clube o auge de sua carreira. Foi campeão paulista em 1979 e nessa época já vestia a camisa da Seleção, com a qual disputou a Copa América em 1979 e 1983, o Mundialito em 1980 e a Copa do Mundo em 1982 e 1986. Embora não tenha conquistado nenhum título com a amarelinha, Sócrates sempre foi um dos principais jogadores da equipe não só pelo seu talento, mas também por sua liderança, sendo inclusive o capitão da Seleção de 82, que encantou o mundo na Copa da Espanha.

Mas foi no Corinthians que Sócrates deu mais alegrias à torcida, e um divisor de águas para isso foi a desastrosa campanha corinthiana no Paulistão de 1981, onde o 8º lugar classificou a equipe apenas para a Taça de Prata do Campeonato Brasileiro do ano seguinte. Nesse momento, ficou claro que as coisas tinham que mudar no Parque São Jorge, surgindo assim a Democracia Corinthiana, movimento liderado por Sócrates que consistia em decidir por meio de voto qualquer questão ligada ao funcionamento do clube. A democracia era real: todos tinham direito a voto, do técnico ao roupeiro, e a iniciativa é ainda mais inovadora por ter ocorrido em plena Ditadura Militar.

Os resultados não demorariam a aparecer: além de chegar à semifinal do Brasileirão de 1982, Sócrates liderou o time a mais um título paulista nesse mesmo ano, derrotando o São Paulo na final e marcando o gol da vitória na primeira partida da decisão. No ano seguinte, mais um título paulista, e novamente em cima do São Paulo. Dessa vez, Sócrates fez os gols do Corinthians nas duas partidas da final, e trouxe para o Parque São Jorge um bi-campeonato que não conquistávamos desde 1952.

Engajado, Sócrates também participou do movimento Diretas já!. Com propostas para se transferir ao futebol da Itália, ele prometeu que permaneceria no país se fosse aprovada a Emenda Constitucional Dante de Oliveira, que procurava pôr fim à Ditadura Militar e reinstaurar as eleições diretas para presidente no Brasil. Como isso não aconteceu, Sócrates, extremamente decepcionado, se transferiu para a Fiorentina, da Itália, onde jogou por pouco tempo. De volta ao Brasil, jogou pelo Flamengo e pelo Santos, disputou uma partida pelo Corinthian-Casuals, da Inglaterra, e encerrou sua carreira no time que o revelou, o Botafogo de Ribeirão Preto. Em 2004, aos 50 anos de idade, voltou à atividade a pedido de um amigo em uma partida pelo Garforth Town, time da oitava divisão da Inglaterra. Irmão do também jogador Raí, atuou posteriormente como articulista e comentarista esportivo, músico, ator e produtor teatral, além de técnico de futebol.

Sócrates faleceu em São Paulo, em 04 de dezembro de 2011, devido a problemas com o alcoolismo. Ele havia declarado que gostaria de morrer em um domingo e com o Corinthians campeão, e foi atendido: faleceu em um domingo, algumas horas antes do Corinthians entrar em campo contra o Palmeiras e vencer o seu 5º título brasileiro. Durante o minuto de silêncio, os jogadores corinthianos ergueram o punho em sua homenagem, do mesmo modo que o Doutor havia feito tantas vezes para comemorar seus gols, e foram seguidos pelos 30 mil torcedores corinthianos que assistiam à partida no Pacaembu e pelos 30 milhões ao redor do mundo.

Alguns dias depois de sua morte, foi lançado o filme Ser Campeão é Detalhe, documentário sobre a Democracia Corintiana. Outra homenagem foi feita no início do ano seguinte, em 18 de janeiro de 2012, quando disputou-se uma partida entre a Portuguesa (Campeã Brasileira de 2011 – Série B) e o Corinthians (Campeão Brasileiro de 2011 – Série A), na qual o vencedor (que acabou sendo a Portuguesa) ganharia o Troféu Sócrates. Em 28 de julho de 2012, o Corinthians inaugurou um busto em sua homenagem no Parque São Jorge, tornando Sócrates o 5º jogador a conseguir tal honra (os outros 4 são Neco, Cláudio, Luizinho e Baltazar). Ele é o 8º maior artilheiro da história do clube, com 172 gols.

Jogador consagrado, conquistou diversos prêmios individuais: ganhou a Bola de Prata da revista Placar em 1980 e foi eleito o craque do ano da revista Placar em 1982 e 1983, o 6º maior jogador da Copa do Mundo de 1982, o 5º melhor jogador do mundo pela revista World Soccer em 1982, o melhor jogador sul-americano do ano pelo jornal El Mundo em 1983, um dos 100 Craques do Século pela revista World Soccer em 1999 e um dos 100 Maiores das Copas pela CNN Sports em 2002, além do FIFA 100, em 2004, reconhecimento como um dos 100 maiores jogadores de todos os tempos.

Pelo Corinthians:

Jogos:
298

Gols:
172

Títulos:
Campeonato Paulista: 1979, 1982 e 1983
Taça Cidade de Porto Alegre: 1983

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Um comentário:

  1. Para mim o melhor de todos, tive o privilégio de ver jogar, Grande Doutor Sócrates

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