quarta-feira, 8 de julho de 2015

Ídolos – Zé Maria

Alguns jogadores se destacam por sua técnica; outros, pela raça. Mas há casos especiais em que as duas qualidades se fundem em um só atleta. É o caso de Zé Maria – ou José Maria Rodrigues Alves, nascido em Botucatu, no interior de São Paulo, no dia 18 de maio de 1949.

Considerado o maior lateral-direito do Corinthians em todos os tempos, Zé Maria era técnico e habilidoso o suficiente para ter defendido a Seleção Brasileira por 10 anos, de 1968 a 1978 (foi campeão mundial em 1970, titular na campanha brasileira na Copa de 1974 e só não disputou o Mundial de 1978 porque se machucou às vésperas do torneio), mas também tinha a raça e a determinação como algumas de suas principais qualidades, que, aliadas a um invejável porte físico e um fôlego interminável, lhe renderam os apelidos "Super Zé", "Muralha" e "Cavalo de Aço" (este, em alusão a uma novela da Rede Globo dos anos 70) e lhe garantiram um lugar eterno na galeria dos Deuses da Raça corinthianos.

Torcedor corinthiano desde criança, Zé Maria chegou a declarar que jogaria no Corinthians até mesmo de graça. Seu pai também era corinthiano, e Zé Maria lhe prometeu que um dia defenderia seu clube do coração e que conquistaria pelo menos um título para ele.

Sua carreira profissional começou na Ferroviária de Botucatu. Depois, jogou na Portuguesa, clube de onde veio para o Corinthians após uma negociação conturbada, em 1970. Em tempos de jejum, suas primeiras campanhas de destaque no Timão foram os vices no Paulista de 1974 e no Brasileiro de 1976, mas já no ano seguinte seria um dos principais nomes da campanha histórica no Paulista de 77, no qual ocorreu a quebra do jejum de títulos. Inclusive, o gol da redenção surgiu de seus pés: foi Zé Maria quem cobrou a falta e alçou a bola na área para que, após um bate-rebate, Basílio marcasse o gol que nos tirou da fila de 23 anos.

Outro momento marcante de Zé Maria com a camisa do Corinthians ocorreu na primeira partida da final do Paulista de 1979, novamente contra a Ponte Preta, quando ele acabou sofrendo um sangramento devido a um corte profundo no supercílio. Zé Maria se recusou a deixar o gramado, literalmente dando o sangue pelo Corinthians. A imagem do Super Zé com a camisa ensanguentada é, até hoje, símbolo máximo da raça corinthiana em todos os tempos, tendo inclusive recebido uma homenagem no Pacaembu anos depois, em 2013, e merecido o lançamento oficial de uma réplica na loja oficial do clube.

Após os títulos paulistas de 1977 e 1979, Zé Maria voltou a vencer um estadual em 1982, época da Democracia Corinthiana, e em 1983, ano em que chegou a parar de jogar e foi eleito democraticamente por seus colegas o novo treinador da equipe. Mas, após 10 jogos no comando, ele entregou o cargo a Jorge Vieira e voltou para os gramados, tornando-se campeão paulista como jogador pela quarta vez.

Alem de títulos, Zé Maria também tem conquistas individuais, tendo recebido a Bola de Prata da revista Placar como melhor lateral-direito do país em 1973 e 1977.

O final de sua carreira foi emocionante. Na despedida, enquanto a torcida tirava a sua camisa, Zé Maria afirmou: “Estão tirando um pedaço de mim”. A paixão de Zé Maria pelo Corinthians é tão grande que no memorial corinthiano está exposta uma camiseta sua com a frase “a esse clube que durante muitos anos foi a minha própria vida”. Sua despedida oficial foi em um Corinthians x Palmeiras, no Morumbi, mas Zé Maria nem chegou a entrar em campo. Apenas deu a volta olímpica, e foi aplaudido pelo estádio todo, inclusive pelos torcedores rivais.

Pelo Corinthians:

Jogos:
595

Gols:
17

Títulos:
Campeonato Paulista: 1977, 19791982 e 1983

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